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Jornal Nacional exibe reportagem distorcida sobre construção de Belo Monte

O Instituto Socioambiental (ISA), uma das organizações que monitoram os impactos da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, afirma que a edição da última sexta-feira (17) do Jornal Nacional, exibida na TV Globo, traz uma declaração distorcida de seu representante, Marcelo Salazar. O Instituto publicou uma nota explicando que, além de alterar o sentido da fala da fonte, a reportagem também omite várias informações divulgadas.
De acordo com o ISA, o repórter Marcos Losekann gravou a conversa, e, durante a edição, foram eliminadas as partes em que Salazar falou sobre o atraso nas obras de saneamento básico, desmatamento ilegal, falta de programas de saúde para os índios e não cumprimento das condicionantes no canteiro de obras. Ver em Mais Informações

O Instituto monitora e acompanha o cumprimento das condicionantes estabelecidas à empresa Norte Energia, e, desde o início da construção da usina, vem denunciando as irregularidades na região do canteiro.
Durante a visita da equipe do Jornal Nacional em Altamira, o especialista disponibilizou uma série de arquivos e falou amplamente sobre os impactos das ações negligentes da empresa responsável pela construção da usina. Segundo o Instituto, Salazar disse ao repórter que os projetos em desenvolvimento poderiam trazer políticas públicas para a região, mas que tais políticas são encaradas como direitos dos cidadãos, e deveriam ser garantidas independentemente da realização das obras.
“Os programas de prevenção ou diminuição dos impactos relacionados à saúde indígena e à proteção territorial e dos recursos naturais dos índios não saíram do papel. Os índices de saúde demonstram o descaso. Em 2012, nove em cada dez crianças indígenas das aldeias atingidas por Belo Monte apresentaram diarreia aguda por mais de uma vez. Os técnicos do Ibama e da Fundação Nacional do Índio (Funai) atestaram o descompasso entre a construção da usina e o cumprimento das medidas de mitigação e compensação de impactos”, disse Salazar em uma das partes da entrevista que não foram ao ar.
A reportagem também não tocou no assunto das inúmeras paralisações da obra determinadas pela Justiça, derrubadas pelo Governo com a chamada suspensão de segurança, ferramenta criada durante a ditadura militar. No documento, o ISA lamentou pela opção da emissora em não mostrar o contraditório, e reforçou que vai continuar a denunciar as irregularidades da obra.

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